Exclusivo: Balanço das chuvas registradas no Sertão da Paraíba em 2018. Veja a animação


Na presente matéria é feita uma análise sobre as ocorrências de chuvas para o ano de 2018, em Patos e região, na Paraíba, no Nordeste e no Brasil. De acordo com o mapa 1 apresentado no final deste parágrafo, o qual mostra a distribuição de chuvas registradas nos últimos 90 dias nas Estações Meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia INMET, o órgão oficial da Meteorologia no Brasil. O referido mapa apresenta a distribuição das chuvas registradas em todo o território brasileiro, no período de 31/01/2018 a 30/04/2018.

Analisando-se essa distribuição de chuvas, verifica-se que exceto em algumas áreas da Bahia, Sergipe e em alguns pontos isolados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul, foram registrados os menores índices de precipitação em todo o território nacional. Por outro lado, os maiores índices ocorreram principalmente no Pará, Maranhão, Amapá e Mato Grosso.

Na região Nordeste, em sete dos nove estados as chuvas foram muito boas, mas em boa parte da Bahia e em Sergipe as chuvas não foram tão boas como no restante da região. Entretanto, isso é normal, tendo em vista que nestas áreas o período chuvoso propriamente dito começa em abril e se estende até julho.

Em relação a Paraíba, pode ser observado que em todo o estado, os índices de chuva nos últimos 90 dias foram muito bons: no Noroeste da Microrregião do alto Sertão e no litoral, superaram os 600 mm, na região de Patos e Microrregiões do Sertão, Curimataú, Brejo e Agreste mais de 500 mm e no Cariri 400 mm. Em resumo, podemos afirmar que em todas as microrregiões da Paraíba os índices de precipitação foram iguais ou superiores à média histórica.

Para Patos e região também podemos afirmar que nos últimos noventa dias as chuvas ocorreram de forma razoável, apesar de no caso de Patos, no mês de março ter chovido apenas 76,5 mm, porém como já havia chovido no mês de fevereiro 209,6 mm, valor é superior à média histórica que é de 132,6 mm e equivalente ao esperado para março (206,9 mm), somado ao índice registrado em abril de 176,5 mm, também valor superior à média esperada para este mês (154,5 mm), pode se afirmar que o valor acumulado nesses três meses ficou em torno da média esperado. Na região como um todo, conforme pode ser visto no mencionado mapa, o índice médio para o referido trimestre foi superior a 500 mm. É importante também frisar em função da ocorrência de fortes, muitos açudes da região tiveram uma razoável recarga de água em 2018.



Mapa 1. Chuvas registradas no Brasil nos 90 dias anteriores a 01/05/2018.

 

No mapa 2, no qual é apresentada a distribuição de chuvas para o mês de abril em todo território nacional, pode-se constar que na região de Patos e em sua vizinhança, o índice médio variou de 150 a 250 mm

Mapa 2. Chuvas registradas no Brasil nos 30 dias anteriores a 01/05/2018.



Para uma melhor visualização das ocorrências de chuva por microrregião da Paraíba até o dia 30/04/2018, são apresentados na Figura 2, os índices pluviométricos acumulados por microrregião do Estado, os quais foram registrados nas cidades: João Pessoa (Litoral); Campina Grande (Agreste); Areia (Brejo); Monteiro (Cariri); Patos (Sertão) e São Gonçalo - Sousa (Alto Sertão). É importante frisar que estas estações são oficiais e fazem parte da Rede Mundial de Vigilância Meteorológica da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), que é o órgão oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pela Meteorologia Mundial. No mapa 3 é mostrado para cada uma das estações meteorológicas oficiais da Paraíba, os índices médios históricos e os índices acumulados de fevereiro a abril de 2018. No entanto, quando se considera o período de quatro meses, indo de janeiro a abril, o total de chuva registrado em Patos foi de 556,6 mm, assim distribuídos: 93,8 mm em janeiro; 209,4 mm em fevereiro; 76,5 mm em março e 176,9 mm em abril. Desse modo esse índice é praticamente igual a o valor da média histórica para o citado período, que é de 559,6 mm.

Para uma melhor ideia de como as condições meteorológicas no Semiárido brasileiro, em anos favoráveis a ocorrência de chuva pode ser influenciada pelo suprimento de umidade do ar, proveniente de regiões distantes, é mostrado logo após este texto uma animação a partir de imagens de satélite. Nestas imagens, quanto mais avermelhada for a cor da área, maior é o potencial de ocorrência de chuvas sobre a região abaixo dela. Isso ocorre devido as nuvens concentradas nessas áreas, serem mais desenvolvidas verticalmente, ou seja, por terem alturas mais acentuadas, apresentam uma maior quantidade gotículas d’água em seu interior e com isso proporcionam maiores precipitações. Em alguns casos tais nuvens, como no caso do gênero Cumulonimbus pode ter uma altura de até 8 Km entre sua base e o topo. Essas nuvens quando vistas lateralmente são chamadas na linguagem popular de torre ou torreão.

Sobre o autor

Doutor Mario de Miranda Vilas Boas Ramos Leitão é Graduado e Mestre em Meteorologia pela UFPB e Doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Foi Professor dos cursos de graduação, mestrado e doutorado em Meteorologia, e do doutorado em Recursos Naturais da UFCG. Foi representante do Brasil na Comissão de Instrumentação e Métodos de Observações da OMM. Atualmente é professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco-UNIVASF, onde já foi Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. É Professor dos cursos de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental e do Mestrado em Engenharia Agrícola e coordenador do Laboratório de Meteorologia LABMET/UNIVASF. É pesquisador nas áreas de meteorologia, agrometeorologia e climatologia. É autor/co-autor de mais de 170 trabalhos científicos publicados em Revistas e anais de eventos científicos; bem como já orientou várias Teses de Dourado, Dissertações de Mestrado e de Trabalho de Iniciação Científica, etc.

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