O representante do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos em Patos, Danilo Perônico, confirmou ao Patosonline.com, que uma nova greve dos correios poderá ser deflagrada a partir desta terça-feira (18). Segundo Danilo, a tendência da mais um movimento grevista se deve a suspensão do dissídio coletivo da empresa no ano passado, por parte do Supremo Tribunal Federal e a suspensão das cláusulas coletivas de trabalho
O sindicalista enviou uma carta a nossa redação, explicando os motivos da greve e também cita que o governo federal está trabalhando para forçar o processo de privatização da empresa.
Confira o conteúdo na íntegra:
Muito se fala, mas pouco se sabe sobre os reais motivos dessa greve. O que realmente levou os empregados a tomarem essa decisão foi a suspensão do Dissídio Coletivo da categoria tomada de forma monocrática pelo Ministro Presidente do STF Dias Toffoli. Ano Passado, o TST decidiu que aquele dissidio teria validade por dois anos.
Insatisfeita com o resultado, a empresa entrou com pedido de liminar no STF para suspender as cláusulas relativas ao plano de saúde dos empregados como também a vigência do dissídio.
Foram feitos inúmeros pedidos por parte das representações dos empregados para derrubada da liminar ou julgamento pelo Colegiado. Até o parecer da douta Procuradoria-Geral da República foi pelo reconhecimento da incompetência do STF para apreciar a questão, dada a ausência de matéria constitucional.
Mesmo assim foi mantida a liminar e nem mesmo foi marcado o julgamento do mérito pelo colegiado.
Dessa forma não restou outra opção aos empregados a não ser ter que negociar novamente com a empresa para a construção de um novo Acordo Coletivo de Trabalho.
Acontece que a empresa se negou a negociar novamente, e dessa vez o que apresentou foi a retirada de todos os benefícios conquistados anteriormente pelos trabalhadores ao longo de anos.
A categoria não concordando com essa atitude se mobilizou e anunciou a
greve para esse mês de agosto. A empresa se manteve intransigente. O STF então decidiu incluir o julgamento na pauta que teve início nessa sexta-feira, dia 14/08.
Caso o julgamento ocorra até segunda e seja favorável a manutenção da vigência por dois anos, não haverá a greve.
Pessoas mal informadas ou mal intencionadas têm propagado informações
inverídicas sobre a empresa e os empregados para fortalecer a campanha a favor da privatização da estatal.
Até mesmo o próprio presidente dos Correios, General Floriano
Peixoto, tem usado desse expediente.
Entre os argumentos está o de que os empregados recebem muitos benefícios e que isso torna a empresa insustentável economicamente; Que há muitos casos de corrupção dentro da estatal e que mesmo provando tais atos os envolvidos não podem ser demitidos por serem concursados e, portanto possuírem estabilidade; Que a empresa é detentora de monopólio de entregas no país e mesmo assim dá prejuízo.
Vamos à verdade dos fatos:
A empresa não depende de recursos da União. Ao contrário, todos os anos a União retira dividendos da empresa. Nos anos que supostamente ela ficou no vermelho foi consequência de dividendos retirados pelo governo a mais que o previsto e de alteraçõescontábil que antecipou o registro de despesas futuras.
Nos últimos três anos a empresa teve lucro de R$667 milhões em 2017, R$161 milhões em 2018 e R$102 milhões em 2019. Nos primeiros 5 meses de 2020 a empresa registra lucro de R$383 milhões.
Dentre todas as estatais federais, os empregados dos Correios são os que
recebem os menores salários. Ao longo dos anos a empresa concedeu alguns poucos benefícios, como o vale-alimentação, em troca do rebaixamento dos salários.
Casos de corrupção são encontrados em todas as esferas, todas as empresas,
sejam elas públicas ou privadas. É tanto que o último caso noticiado sobre corrupção nos Correios foi envolvendo donos de agências franqueadas (privadas).
Caso seja provado a culpabilidade de um emprego em qualquer desvio de conduta, esse poderá sim ser demitido, até porque o regime utilizado pela empresa é a CLT.
Quanto ao Postalis (fundo de pensão), realmente há um déficit, no entanto esse déficit foi provocado por pessoas alheias a empresa e quem paga são os empregados (com contribuições extras todo mês) e não o governo ou a população.
Esse saldo negativo afetou não só o Postalis, mas o fundo de pensão do Banco do Brasil, da CEF e da Petrobrás. Basta fazer uma rápida pesquisa sobre as operações da PF denominadas Rebate, Greenfield, Positus, Pausare e veremos que tem integrantes do alto escalão do atual governo envolvido nesses desvios. Eis o principal motivo de quererem tanto a privatização.
Quanto ao monopólio, só existe na entrega de correspondências e telegramas. O mercado de encomendas é aberto para quem quiser atuar. Basta ver quantas empresas de logística tem atuando no Brasil. Quem nunca fez compra pela internet e outra empresa que fez a entrega?
Em plena pandemia o Governo e o General querem retirar comida da mesa dos trabalhadores. Diminuir o valor do vale-alimentação e aumentar o valor que os trabalhadores pagam, diminuindo assim em mais de R$200 o poder de compra dos mesmos apenas nesse item.
Entre outros ataques, como redução da licença maternidade, diminuição do período de amamentação para mulheres lactantes, extinção de adicionais,
entre outros.
Porém, no último ano o presidente da empresa, que ganha R$46 mil, dirigentes e conselheiros tiveram 6% de aumento nas suas remunerações.
O general ganha R$1.800 de auxilio moradia, mais que o salário base da categoria. E já empregou mais de 10 militares na direção da empresa com salários superiores a R$30 mil cada.
Além disso, a empresa criou esse ano 7 assessorias na Postal Saúde (Plano de saúde) com salários de R$27 mil cada. Ao ano serão gastos R$2,4 milhões só com esses assessores.
Com tudo isso, não há justificativa plausível para querer retirar direitos dos trabalhadores. Logo, diante de todos esses ataques, haverá assembleias em todo o país nessa segunda-feira, dia 17/08, para deliberar pela greve geral e unificada de toda a categoria ecetista a partir da 0h (zero hora) do dia 18/08.