A cidade de Conceição, no Vale do Piancó, atravessa a situação mais delicada desde os primeiros casos confirmados de coronavírus no município. O momento tem sido o limite das forças dos profissionais de saúde, que são linha de frente no enfrentamento à doença.
O Hospital e Maternidade Caçula Leite (HMCL), por exemplo, não é referência para a Covid-19, mas tem recebido diuturnamente vários novos pacientes com casos confirmados e com um agravante, muitos desses com a necessidade urgente de internação e intubação.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde, nas últimas 60 horas foram transferidas 19 pessoas para os Centros de Referência. No mesmo período, 55 ficaram em observação sob suspeitas ou já contaminados com o vírus.
Ainda conforme a pasta, uma carga de oxigênio que antes era usada durante 15 dias, passou a ser utilizada em apenas 24 horas no município. Isso se deu em função da grande demanda no hospital. A dificuldade é tanta que o estoque de medicamentos dos fornecedores também está baixo, e existem dificuldades para encontrar alguns.
“O sistema está entrando em colapso. Temos como referências para a Covid-19, Patos, Piancó, Cajazeiras e Pombal e essas não têm mais vaga para UTIs nem em enfermaria e não sabemos mais o que fazer com tanta correria diária”, explicou a secretária de Saúde, Magnady Lacerda.
Para o diretor do HMCL, Júnior Lacerda, a situação está realmente chegando ao limite. “Nós estávamos com cinco pacientes em estado grave no hospital, fazendo uso de oxigênio, e corríamos contra o tempo para conseguir mais oxigênio, pois sabíamos que se não chegasse com tempo, essas pessoas iriam morrer. Estou esgotado, já não durmo há mais de um mês, pois a cada hora recebo uma ligação do hospital. Tudo isso é muito desgastante. A sensação que temos é de impotência, não sei onde vamos parar. Estamos todos empenhados a combater essa guerra biológica, em que os soldados somos nós, profissionais de saúde. A equipe está desgastada e nós estamos na luta até o dia em que Deus quiser. Nós estamos com medo de chegar ao ponto de termos que escolher em quem vamos usar oxigênio e não somos Deus pra escolhermos quem vai morrer. Quando tudo isso passar, se passar, ficarei com muitas sequelas das noites sem dormir, do aperreio todo. É angustiante”, explicou.
Durante a última semana, o prefeito Samuel Lacerda passou a maior parte do seu tempo dentro da secretaria de saúde, vendo de perto a situação e buscando soluções para, pelo menos, amenizar a situação. Nessa segunda-feira (23) ele foi para Brasília e bateu nas portas dos poderes em busca de ajuda para o município de Conceição que está entrando em colapso em função da grande demanda de pessoas em estado grave com a doença.
Outro grande problema, e que tem relação direta com a situação atual, tem sido a falta de conscientização da própria população, que insiste em não respeitar os decretos e está reiteradamente promovendo aglomerações, por meio de ‘farrinhas’ nas casas de amigos, em bares, em todos os lugares e acima de tudo, não respeitando os horários de recolher estabelecidos nos decretos, sob a alegação de que precisam ganhar dinheiro para as suas necessidades, expondo-se a si mesmos e a outras pessoas.
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